Discussões sobre futebol normalmente pendem muito mais para a emoção do que para a razão. É praticamente impossível separar o torcedor do analista, o fanático do especialista. Exatamente por isso os debates em torno do tema raramente chegam a conclusões unânimes. Tentarei, ainda assim, responder à pergunta do título: Técnico ganha jogo ou não ganha?
Como é que um time que vence tudo começa, de repente, a perder para o lanterna da competição, sem nenhum motivo aparente? Como é que o lanterna perde cinco jogos seguidos e depois ganha do líder do campeonato? Por que um time sai da zona de rebaixamento ao trocar de técnico, mesmo mantendo o mesmo elenco? Por que os melhores técnicos às vezes fracassam com os melhores jogadores?
Sistemas complexos - como um time de futebol - contam com muitas variáveis, cujos graus de influência também oscilam, tanto no decorrer de uma partida, quanto ao longo de um campeonato. É por isso que mesmo os especialistas em futebol têm um péssimo histórico nas resenhas que precedem os torneios.
A grande dificuldade resulta dos ambientes e atores envolvidos. Um ótimo técnico em um time pode ser um fracasso noutro. Um perna de pau de uma equipe pode ser a salvação de outra. Ou o contrário.
Assista o vídeo abaixo (2'25") e veja como isso se aplica no dia a dia corporativo - e depois voltamos ao tema:
A busca por um Líder Ideal é tão equivocada quanto a noção de que um ótimo técnico de futebol pode dar jeito em qualquer time de pangarés. Empresas e times de futebol são organizações complicadíssimas que envolvem muito mais do que o que vemos entre as quatro linhas ou dentro dos escritórios.
É preciso parar de prestar atenção apenas a quem distribui os coletes durante o coletivo e entender melhor quem os veste, o que eles fazem fora dos gramados, quais são suas histórias, seus objetivos e ambições. É preciso ver se estão bem fisicamente, se conseguem acertar um passe de 50 metros e se são capazes de voltar correndo para cobrir o lateral que foi atacar.
Porque técnicos consagrados e jogadores campeões do mundo, também rebaixam times à Segunda Divisão. Mesmo que tenham o perfil de líder ideal.
Prova disso foi o Palmeiras de 2012.
Conquistou a Copa do Brasil de 2012, com um time de pangarés e um técnico/líder de ponta, até então (Felipão). Ele conseguiu motivar essa equipe de pangarés que, através de um formato de campeonato que permitia uma equipe pior superar a melhor, conquistou o título.
No mesmo ano, essa mesma equipe, foi rebaixada no Campeonato Brasileiro de 2012, encabeçado pelo mesmo líder/técnico e pelos mesmos jogadores que, acomodados e com a falsa sensação de que eram bons, tiveram este insucesso.
Posted by: Rafael Paim | 04/02/2015 at 09:57